16 de jan. de 2010

Leitourgia


Composta: de leitos "consernente a povo". Aqui leitourgia é usada em seu significado original apontando para a atividade integral da igreja em favor da comunidade, que inclui tanto cristãos como não cristãos.

11 de jan. de 2010

A IGREJA NO CONTO DE FADAS

Em essência, os contos de fadas cumprem um papel relevante. Eles podem ser vistos como pequenas obras de arte, pois são capazes de nos envolver em seu enredo, nos instigar a mente e nos comover com a sorte de seus personagens. Causam impactos em nosso psiquismo porque tratam das experiências cotidianas e permitem que nos identifiquemos com as dificuldades, tristezas e alegrias de seus heróis cujos feitos narrados expressam, em suma, a condição humana frente às provações da vida. Ampliando assim, os significados apreendidos ou substituindo-os por outros mais eficientes, conforme as necessidades do momento.
Portanto, não há momento mais apropriado como hoje para nos valermos de um conto de fadas, para buscar significados, e propósitos para a Igreja moderna. Percebendo que esta Igreja está perdendo o seu brilho e sabor, como luz do mundo e sal da terra.
O conto “A Branca de Neve e os sete anões” desperta a nossa curiosidade para desvendarmos o que está por trás desses personagens encantadores e revelar seus significados para Igreja moderna.
Revisitando minhas lembranças encontro uma frase de Dom Robinson Cavalcante onde, em um congresso teológico, disse: “A Igreja de hoje não tem coragem de se olhar no espelho”.
Na história da Branca de Neve, a madrasta (bruxa) olha-se no espelho e se acha linda mais é autoritária não respeitando idéias contrárias, não amando, não cuidando do outro. Essa madrasta traduz arquetipicamente os perigos dos caminhos das provações, revelando-se como bruxa perdida por está presa á vaidades, na busca da beleza eterna, mesmo que em seguida contemplassem a beleza da branca de neve.
Como bruxa malvada o desejo e de acabar com essa beleza, se consciente ou inconsciente quem saberá. O que sabemos e que existe uma Igreja linda, uma princesa á espera de seu príncipe. Esta beleza estar sendo usurpada por uma quantidade imensurável de homens que esqueceram o amor (ágape) verdadeiro, a simplicidade e a beleza da princesa, para se envaidecer nos seus potentados, levando uma vida de luxuria e glamour.
Não podemos esquecer que entre a bruxa e a princesa estão outros personagens que não permitiram que a jovialidade, o poder e a força desbravadora da Igreja do primeiro século venham sucumbir em meio a tantas tramas e conchavos que superficialmente chegam ao nosso conhecimento, quando não de forma bem declarada.
Com olhar humano seria inconcebível que criaturas de baixa estatura, pequeninos homens sem muita força física (sete anões), mais representando o núcleo orientador, capaz de nos levar de volta ao inicio do caminho.
Porque essa densa floresta onde nos perdemos na busca da verdade. Esses pequeninos devem representar o trabalho das nossas entranhas. E venham a enfrentar tão grandes feras, aqueles que se apoderaram da princesa e á acometeram com grande enfermidade, que podemos chamar de novas teo-filosofias e antigas eclesiologias.
Usurpadores da fé revelando um novo Deus a cada dia, através de pensamentos fragmentados. Onde esses mesmo homens deveriam ser colocados para fora de seus púlpitos debaixo de chicote. Que os pequeninos homens e mulheres que oram e buscam a libertação e restauração de sua princesa (IGREJA), encontre forças suficientes para devolver-lhe a vida.
Enquanto isso a bruxa mantém o seu status quo, a sua segurança, a sua aristocracia palaciana, no conforto das suas vaidades, usando seus súditos como massa e manobra de manipulação para seus próprios benefícios.
A pergunta que deve ser feita é quem ficará do lado dos mais fracos, dos pequeninos homens, onde estes mesmos homens pelo desejo de ver a restauração da saúde de sua princesa, são capazes de arriscar suas vidas, indo de encontro às muralhas de um castelo, construído e fortificado, para enclausurar doutrinas e dogmas pessoais impenetrável, e irredutíveis em suas posições.
A esperança existe e deve continuar existindo a princesa não continuara adormecida com essas teologias que envaidecem seus autores. Como no conto a princesa, após pagar o preço da sua ingenuidade, acabará por renascer de sua morte simbólica.
Nos braços de seu príncipe, reavivada e forte com seus pequeninos homem, disposta agora a ser e viver verdadeiramente um reino, mas não aquele reino onde quem reinava era a bruxa malvada, mais sim a bela princesa e o seu príncipe revelando um novo reino, o de Deus.
Esta princesa dar-se a conhecer nos evangelhos e em todo novo testamento como também no antigo testamento, como Igreja que por definição: (EKKLESIA) grego e (KAHAL) hebraico: congregação, assembléia, ajuntamento, seu significado esta no âmbito da comunhão, do entendimento mutuo, da exortação sincera da edificação comunitária, onde todos compartilhavam tudo. “Os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum”At.2.44.
Havia desprendimento da matéria, ou seja, o desejo do SER no lugar do TER, não apenas porque se esperava que logo Jesus retorna-se, mais sim pelo amor ao outro: “vendendo suas propriedades e bens distribuíam a cada um conforme a sua necessidade.”At.2.44.
Os milagres se sucediam em grande numero primeiro porque se acreditava neles segundo nada era cobrado por eles, pelo contrário, não conte a ninguém, não havia necessidade de holofotes. O que realmente importava era o reino de Deus.
O poder não era centralizado em uma única pessoa, muito menos em alguma grande catedral, não havia negociata com esse poder, aqueles que de alguma maneira podiam manipular ou comprar esse poder, eram repreendidos severamente, como no caso do mágico Simão, Pedro o repreendeu. “Pereça com você o seu dinheiro! Você pensa que pode comprar o dom de Deus com dinheiro?”At.8.20. Deus dava os dons do espírito a todos e de graça.
Havia sinceridade entre os lideres da Igreja e tudo era tratado com amor, não se escondia nada tudo era revelado para comunidade. O evangelho era compartilhado por todos, os idosos, as viúvas e as crianças, elas eram assistidas tinham preferências, eram cuidadas, podiam ouvir suas vozes, e até mesmo se aproximar do mestre.
Quanto tempo se passou desde então, quanta coisa já mudou, será que o evangelho mudou? Quanta nostalgia desperta hoje essa Igreja, como diz o poeta “que saudades de passargada”, quanta saudade de uma Igreja que não conhecemos nem vivenciamos muito menos experimentamos hoje.
Utopia impossível desejar uma Igreja renovada, ou melhor, restaurada nos seus dons e nos frutos do Espírito. Que a Igreja consiga enxergar quando se olhar no espelho, as novidades do Reino. “Os cegos vêem, os mancos andam, os leprosos são purificados, os mortos são ressuscitados, e as boas novas são pregadas aos pobres...”.

PAULO CÉZAR.